O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou o desfile do 2 de Julho, nesta terça-feira (2), em Salvador, para dar um forte recado político em defesa da taxação dos super-ricos. Durante o evento, que celebra a Independência da Bahia, Lula apareceu segurando um cartaz onde se lia “Taxação dos super-ricos”, em gesto que chamou a atenção de apoiadores e provocou repercussão imediata no meio político.
Ao lado da primeira-dama, Janja Lula da Silva, da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e do governador Jerônimo Rodrigues (PT), o presidente foi ovacionado pelo público. Em suas redes sociais, Lula compartilhou a imagem do ato e escreveu:
“Mais justiça tributária e menos desigualdade. É sobre isso.”

A manifestação ocorre em meio a tensões entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, que recentemente derrubou medidas do governo ligadas à arrecadação, incluindo ajustes no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Parlamentares da oposição, sobretudo do PL e parte do Centrão, têm resistido a projetos que ampliem a carga tributária para setores mais ricos, alegando que a medida poderia desestimular investimentos e prejudicar a economia.
Por outro lado, Lula e aliados defendem que a taxação das grandes fortunas é fundamental para financiar políticas públicas e reduzir desigualdades. Segundo o governo, a proposta busca isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil mensais, enquanto aplica novas alíquotas sobre rendimentos mais elevados, atingindo contribuintes que recebem acima de R$ 50 mil por mês. A expectativa do Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad (PT), é arrecadar bilhões para custear áreas como saúde, educação e programas sociais.
O deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) e a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) estão entre os parlamentares que saíram em defesa pública da pauta, reforçando o discurso de que os mais ricos devem contribuir proporcionalmente mais para o país. Hilton, inclusive, tem proposto uma agenda de reformas tributárias ainda mais progressivas, que incluem mudanças na tributação sobre grandes heranças e lucros financeiros.
Apesar do apoio da base governista, o tema enfrenta forte resistência no Congresso. Pesquisa Genial/Quaest divulgada esta semana revelou que cerca de 70% dos deputados federais são contrários ao aumento de impostos sobre patrimônio ou renda, sinalizando que a proposta terá um caminho difícil na Câmara e no Senado.
Economistas e juristas avaliam que o embate sobre a taxação dos super-ricos deve se intensificar no segundo semestre. Há expectativa de que o governo encaminhe oficialmente o texto ao Congresso ainda neste ano, em meio ao aperto fiscal e ao desafio de manter o equilíbrio das contas públicas sem abrir mão de investimentos sociais.
Enquanto isso, Lula tem reforçado a narrativa de justiça tributária como bandeira para o restante do seu mandato e possível plataforma eleitoral para 2026, em clara estratégia de contrastar seu governo com setores que considera privilegiados na estrutura tributária brasileira.
O tema promete continuar no centro dos debates políticos, com reflexos diretos tanto na economia quanto no cenário eleitoral.