O debate sobre a Tarifa Zero no transporte público voltou a ganhar força no Brasil e começa a dividir espaço entre propostas nacionais e locais. Enquanto o governo federal, sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estuda a implantação de um programa de gratuidade nos ônibus em âmbito nacional, em Salvador o tema é puxado por iniciativas do vereador Hélio Ferreira (PCdoB), que defende a mobilidade como direito social.
O que é a Tarifa Zero e seus benefícios
A ideia central é simples: garantir que o cidadão possa se deslocar sem pagar passagem. Na prática, isso traz impactos imediatos para a vida da população:
- Alívio no bolso das famílias, especialmente as de menor renda, que gastam boa parte do orçamento com transporte.
- Mais acesso a emprego, saúde e educação, já que o custo da passagem deixa de ser barreira.
- Redução das desigualdades territoriais, permitindo que moradores das periferias se integrem melhor ao centro da cidade.
- Efeitos positivos no meio ambiente e no trânsito, ao estimular o uso do transporte coletivo e reduzir a dependência do carro particular.

A proposta em Salvador
Na capital baiana, o vereador Hélio Ferreira vem apresentando projetos e indicações que defendem a gratuidade como direito à cidade. Ele já sugeriu medidas como transporte gratuito em grandes eventos e discute a viabilidade de expandir o modelo de forma permanente.
Diferente da proposta federal, o projeto em Salvador depende de orçamento municipal e de negociações com as empresas concessionárias de ônibus.
E garante o emprego do cobrador com o agente de bordo , evitando também a dupla função pelo motorista.
Impacto social do Tarifa Zero em Salvador
- Inclusão social e acesso à cidade
Salvador tem uma configuração urbana marcada por periferias distantes e alta dependência do transporte coletivo. O Tarifa Zero permitiria que milhares de trabalhadores, estudantes e desempregados circulassem sem barreiras financeiras.
Isso gera mais acesso a emprego, saúde, escolas, universidades, cultura e lazer, ampliando oportunidades que hoje são limitadas pelo custo da passagem.
- Alívio no orçamento familiar
O preço atual da passagem pesa muito no bolso da população de baixa renda. Famílias que gastam R$ 12 a R$ 24 por dia com deslocamento deixam de consumir em outras áreas essenciais (alimentação, gás, energia).
A gratuidade significaria mais renda disponível para necessidades básicas, fortalecendo a economia local nos bairros.
- Impacto no desemprego e subemprego
Muitas pessoas deixam de aceitar trabalhos temporários ou informais porque o custo do transporte não compensa o ganho. Com a tarifa zero, aumenta a chance de inserção no mercado, inclusive para quem precisa circular para entrevistas ou “bicos”.
- Juventude e educação
Jovens das periferias, que muitas vezes faltam às aulas porque não têm dinheiro da passagem, poderiam frequentar escolas, universidades e cursos técnicos sem esse peso. Isso reduz desigualdade educacional e melhora perspectivas futuras.
- Saúde e bem-estar
Mais gente teria condições de se deslocar para consultas, exames e acompanhamento médico. Além disso, a redução do uso do carro particular (se houver boa oferta de ônibus) pode melhorar a qualidade do ar e diminuir acidentes.
Quem fica excluído hoje do transporte caro em Salvador
- Trabalhadores informais e desempregados
Quem não tem carteira assinada geralmente não recebe vale-transporte. O custo da passagem impede que busquem emprego, aceitem trabalhos ocasionais ou até mesmo frequentem cursos profissionalizantes.
- Estudantes da rede pública sem gratuidade plena
Embora existam programas de meia passagem ou isenções, muitos estudantes enfrentam limites de viagens por dia. Quem precisa de mais deslocamentos (ex.: escola + curso técnico + estágio) acaba excluído de parte da cidade.
- Moradores da periferia e subúrbio ferroviário
Em bairros afastados (ex.: Cajazeiras, Paripe, São Cristóvão, Subúrbio Ferroviário), as pessoas gastam 2 a 4 passagens por dia para chegar ao trabalho no centro. Isso consome uma parte significativa do orçamento mensal.
- Idosos abaixo de 65 anos e pessoas com doenças crônicas
A gratuidade só vale a partir dos 65 anos, deixando de fora uma faixa que já tem mais dificuldades no mercado de trabalho e precisa de transporte para acessar hospitais, clínicas e serviços públicos.
- População em situação de pobreza extrema
Quem vive com renda muito baixa muitas vezes precisa escolher entre pagar o transporte ou comprar comida e gás. Resultado: muitos deixam de se deslocar, ficando excluídos da vida social e econômica da cidade.