O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é alvo de um novo inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), após suspeitas de que ele tenha vazado informações privilegiadas sobre a imposição de tarifas pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros. O episódio ganhou repercussão nacional após uma série de operações financeiras suspeitas que movimentaram bilhões de dólares momentos antes do anúncio oficial do chamado “tarifaço de Trump”.
A denúncia foi encaminhada pela Advocacia-Geral da União (AGU) e aceita pelo ministro Alexandre de Moraes, que determinou a abertura de investigação sigilosa. A apuração busca identificar possíveis crimes de insider trading, prática ilegal que ocorre quando alguém se beneficia no mercado com base em informações não públicas.

Bilhões movimentados antes do anúncio
Segundo documentos obtidos pela AGU e repassados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), um volume estimado de US$ 3 a 4 bilhões foi negociado na véspera do anúncio das tarifas, ocorrido no último dia 9 de julho. Investidores compraram dólares quando o câmbio estava em R$ 5,46 e venderam logo após o anúncio, com a cotação disparando para R$ 5,60, o que gerou lucros milionários em questão de horas.
Especialistas ouvidos pela imprensa, como o analista financeiro Spencer Hakimian, apontaram que a movimentação ocorreu minutos antes da coletiva do ex-presidente Donald Trump, alimentando a suspeita de que alguém com acesso prévio à decisão do governo norte-americano possa ter alertado o mercado — com indícios de ligação com o deputado brasileiro.
Ligação com inquérito anterior
A nova frente de apuração se conecta a um inquérito já existente contra Eduardo Bolsonaro, que investiga supostas ações de coação à Justiça e tentativa de obstrução das investigações no exterior. Segundo fontes da própria AGU, Eduardo esteve presente em Washington nos dias que antecederam o anúncio de Trump e participou de reuniões com aliados políticos e empresários do setor de exportação.
O que diz a lei
Caso Eduardo Bolsonaro é investigado por suspeita de vazar informações sobre tarifa de Trump ao mercado financeiro comprovado que houve uso de informação privilegiada, o deputado poderá responder por crime contra o mercado financeiro, previsto na Lei nº 6.385/76, com pena que varia de 1 a 5 anos de reclusão e multa de até três vezes o valor do lucro obtido ilicitamente.
A investigação está em fase inicial, mas já conta com o cruzamento de dados bancários, extratos de corretoras e registros de telefonemas. O Banco Central, a Receita Federal, a CVM e o COAF foram acionados para colaborar com a análise das movimentações financeiras.
Defesa nega irregularidades
Em nota, a assessoria de Eduardo Bolsonaro afirma que “não houve qualquer participação em operação financeira relacionada ao anúncio de Trump” e classificou a investigação como “mais uma perseguição política orquestrada pelo Judiciário contra conservadores”.
Impacto político
O episódio reacende o debate sobre o uso de informações privilegiadas por figuras públicas e levanta dúvidas sobre a relação entre membros da política brasileira e decisões de governos estrangeiros. No Congresso, opositores já articulam pedidos de explicações formais e cogitam a convocação de Eduardo para depor.
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Reportagem: Redação UP | Edição: Jackson dos Santos Morais