O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, emitiu na noite deste domingo (10) uma forte advertência sobre a atuação dos Estados Unidos na região. Por meio da plataforma X (antigo Twitter), ele afirmou que qualquer operação militar norte-americana na Venezuela, conduzida sem a anuência das autoridades colombianas, será considerada uma “agressão à América Latina e ao Caribe” .

Como Comandante das Forças Armadas Colombianas, Petro declarou:
“Transmito publicamente minha ordem como Comandante das Forças Armadas Colombianas. Colômbia e Venezuela são o mesmo povo, a mesma bandeira, a mesma história. Qualquer operação militar sem a aprovação de nossas nações irmãs é uma agressão à América Latina e ao Caribe. É uma contradição fundamental ao nosso princípio de liberdade. ‘Liberdade ou morte’, gritou Bolívar, e o povo se levantou.”
Contexto recente e reação às ações dos EUA
A declaração colombiana ocorre em meio à crescente tensão regional. Nos últimos dias, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a elevação da recompensa por informações que levem à prisão de Nicolás Maduro — de US$ 25 milhões para US$ 50 milhões (aproximadamente R$ 135 milhões para R$ 270 milhões) .
Trump também enfatizou a disposição em utilizar força militar contra cartéis do narcotráfico na América Latina . Petro, por sua vez, reafirmou em post de 9 de agosto que apoia a política antidrogas dos EUA, desde que respeite a soberania dos países: “precisamos dobrar ou triplicar o combate às organizações do narcotráfico… respeitando a independência dos governos” .
Ademais, destacou que medidas violentas apenas perpetuarão o ciclo de violência e ressaltou a importância de “transformação pacífica do território, com economias legítimas” . Petro também comentou ter recebido apoio de Maduro para derrotar facções criminosas na fronteira entre Colômbia e Venezuela, e reiterou que a saída para os impasses na Venezuela não está em “gastar dinheiro para matar ou capturar líderes políticos” .
Implicações regionais e históricas
A declaração de Petro ressoa em um contexto geopolítico com precedentes de tensão. A Colômbia, historicamente, já enfrentou crises diplomáticas com seus vizinhos — como no caso da incursão militar em território equatoriano em 2008, quando relações com Equador e Venezuela se desgastaram profundamente .
No início de seu governo, Petro apresentou uma visão de integração regional mais profunda, emoldurada pela evocação da Grã-Colômbia — uma república que, entre 1819 e 1831, interligou Colômbia, Venezuela, Equador e Panamá. Em abril, ele revelou ter enviado cartas a esses países propondo uma “confederação da Grande Colômbia de nossos tempos” .