Em um domingo de forte mobilização popular, milhares de manifestantes ocuparam as ruas de capitais e grandes cidades brasileiras para protestar contra a PEC da Blindagem e o Projeto de Lei da Anistia, que estão em debate no Congresso Nacional. Os atos ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e Brasília, reunindo movimentos sociais, sindicatos, estudantes, juristas e partidos de oposição.

Na Avenida Paulista, em São Paulo, o ato teve início às 15h e se estendeu até o início da noite. Os participantes empunhavam faixas com dizeres como “Não à Blindagem”, “Anistia é Impunidade” e “Democracia se Defende nas Ruas”. A organização estima que cerca de 80 mil pessoas compareceram ao protesto, enquanto a Polícia Militar não divulgou números oficiais.

No Rio de Janeiro, o protesto na Cinelândia também foi expressivo. “Estamos aqui para dizer que não aceitaremos retrocessos. Blindagem não é proteção à democracia, é proteção à corrupção”, afirmou o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que participou do ato ao lado de lideranças de movimentos sociais.
A PEC da Blindagem é criticada por ampliar a imunidade parlamentar, dificultando investigações contra deputados e senadores. O Projeto de Anistia, por sua vez, propõe perdoar crimes relacionados a atos antidemocráticos ocorridos após as eleições de 2022.
Juristas também se manifestaram contra as propostas. A advogada constitucionalista Eloísa Machado alertou: “Uma PEC que cria obstáculos à responsabilização de parlamentares enfraquece o sistema de freios e contrapesos e coloca em risco o princípio republicano de igualdade perante a lei.”
Em Brasília, o protesto reuniu milhares na Esplanada dos Ministérios. “Não podemos permitir que o Congresso passe a mão na cabeça de quem atentou contra as instituições e tentou um golpe”, disse a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que se declarou contra a aprovação da Anistia.

Apesar do clima pacífico na maior parte das cidades, em Belo Horizonte houve um breve confronto quando manifestantes tentaram bloquear uma avenida. A Polícia Militar dispersou o grupo e três pessoas foram detidas, sendo liberadas após assinatura de termo circunstanciado.
As mobilizações repercutiram fortemente nas redes sociais, colocando hashtags como #NaoAPECdaBlindagem e #AnistiaNao entre os assuntos mais comentados no X (antigo Twitter). Analistas políticos avaliam que a pressão popular pode dificultar a tramitação das propostas no Congresso, especialmente em ano pré-eleitoral.