
Na manhã deste sábado (28), um grupo de idosos partiu de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, para uma caminhada de 420 quilômetros com destino ao Santuário do Bom Jesus, em Bom Jesus da Lapa, no oeste do estado. A jornada de fé deve durar cerca de 16 dias e já está em sua terceira edição.
Conhecida como “O Caminho do Bom Jesus”, a iniciativa surgiu em 2022, depois que integrantes do grupo mapearam o trajeto e organizaram o percurso em etapas. “Tudo começou com um grupo de amigos, que estruturaram o caminho em uma planilha. Em 2019, tivemos a ideia de tornar isso oficial e fomos de carro conhecer cada trecho”, relembra o aposentado Antônio Carlos Ferreira.
O percurso é dividido em 16 etapas, com distâncias diárias que variam entre 25 e 30 quilômetros, em sua maioria por áreas rurais. Em alguns dias, o trajeto é maior por falta de locais de hospedagem, o que exige ainda mais preparo físico. A caminhada é feita com o suporte de um veículo de apoio, que transporta mochilas, colchonetes e demais itens dos peregrinos.
Além da devoção, o trajeto proporciona reencontros e conexões com pessoas que já participaram de edições anteriores da jornada. Segundo os participantes, o corpo se adapta gradualmente ao esforço físico.
“No primeiro dia, o corpo sente o impacto. Mas, já no segundo, a dor vai diminuindo. E a partir do quinto ou sexto dia, o corpo já está totalmente condicionado”, compartilha a aposentada Gislane Tavares.
A peregrinação atrai novos participantes a cada ano, como o empresário Alexandrino Salazar, que estreou na caminhada nesta edição. “Nunca tirei um tempo como esse na minha vida. Já viajei bastante, mas nada se compara a essa experiência. Vai ser algo único e marcante para mim”, afirmou.
O destino final dos peregrinos, o Santuário do Bom Jesus da Lapa, é um dos mais importantes centros de fé do Brasil. A tradicional romaria que ocorre entre 29 de julho e 6 de agosto é considerada a terceira maior do país e, desde 2023, foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia. O título foi concedido pelo governador Jerônimo Rodrigues com base em estudos realizados durante seis anos pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac).