Com investimento de R$ 5,5 bilhões, empresa chinesa inicia oficialmente operação no país e promete produzir até 600 mil veículos por ano até 2030
A cidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, será palco nesta quinta-feira (9) da inauguração oficial da fábrica da BYD (Build Your Dreams), gigante chinesa dos veículos elétricos e híbridos. O evento, marcado para as 11h30, contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do governador Jerônimo Rodrigues, do vice-presidente e ministro da Indústria Geraldo Alckmin, além do presidente global da companhia, Wang Chuanfu.
A cerimônia marca o início de uma nova fase da indústria automotiva brasileira e consolida o estado da Bahia como polo estratégico da mobilidade elétrica na América Latina. A fábrica foi instalada no antigo complexo da Ford, desativado em 2021, e passou por ampla modernização para abrigar as novas linhas de produção da montadora asiática.

💰 Investimento bilionário e capacidade de produção
Com investimento de R$ 5,5 bilhões, o complexo da BYD ocupa uma área de 4,6 milhões de metros quadrados e terá operação 24 horas. Na fase inicial, o sistema de produção seguirá o modelo SKD (Semi Knocked-Down) — veículos parcialmente montados que passam pela montagem final no Brasil.
A capacidade de produção inicial será de 150 mil veículos por ano, com previsão de expansão para 300 mil unidades em uma segunda etapa e metas de chegar a 600 mil veículos anuais até 2030. A empresa estima gerar cerca de 5 mil empregos diretos e indiretos nos próximos anos.
🚗 Modelos produzidos no Brasil
A BYD iniciará suas operações com dois modelos principais: o Dolphin Mini, totalmente elétrico, e o Song Pro, híbrido plug-in. A empresa também planeja produzir futuramente o sedã híbrido King, ampliando o portfólio nacional.
O Dolphin Mini “100% brasileiro” foi apresentado ao mercado em julho de 2025, marcando a primeira fase de produção local e simbolizando o início da nacionalização dos componentes.
⚙️ Desafios e polêmicas
A inauguração ocorre em meio a desafios e controvérsias. Em 2024, o Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu investigação sobre denúncias de condições degradantes envolvendo trabalhadores estrangeiros durante as obras de construção da fábrica.
Relatórios apontaram jornadas excessivas, falta de folgas e alojamentos precários. A BYD reagiu rescindindo contratos com a construtora terceirizada envolvida e afirmou ter “tolerância zero com violações trabalhistas”. Mesmo assim, o caso gerou atrasos no cronograma e repercussão internacional.
Além disso, há críticas sobre o ritmo de nacionalização da produção. Atualmente, grande parte das peças vem da China, o que limita o desenvolvimento imediato da cadeia de fornecedores locais. O governo da Bahia e o Ministério do Desenvolvimento esperam que, em até um ano, o processo produtivo seja ampliado com setores como funilaria, pintura e soldagem operando integralmente no país.
🌍 Importância estratégica
A instalação da fábrica em Camaçari é considerada um marco para a política industrial brasileira e para a transição ecológica. O projeto faz parte da estratégia do governo federal de atrair investimentos sustentáveis e posicionar o Brasil como líder em mobilidade verde na América Latina.
Segundo o governador Jerônimo Rodrigues, a chegada da BYD representa “a retomada da indústria automobilística na Bahia, agora com foco em energia limpa e empregos de qualidade”.
A montadora chinesa, que já é líder mundial em veículos elétricos, aposta no mercado brasileiro como porta de entrada para exportações ao Mercosul e para o fortalecimento da marca no Ocidente.
🔋 O futuro da eletromobilidade no Brasil
Com a BYD oficialmente instalada, a Bahia passa a disputar protagonismo com São Paulo e Paraná na indústria automotiva. O desafio agora é consolidar a produção nacional, atrair fornecedores e garantir condições de infraestrutura e energia compatíveis com o crescimento esperado.
Especialistas apontam que o movimento pode transformar o Nordeste em referência para produção e exportação de veículos elétricos, ampliando oportunidades tecnológicas e industriais na região.