
Brasília – Julho de 2025
A recente tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos, agravada pela decisão do ex-presidente Donald Trump de aplicar tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, levantou uma nova discussão econômica: se o Brasil reduzir suas exportações para o mercado norte-americano, os preços desses produtos vão cair para os consumidores brasileiros?
A resposta não é tão simples, mas especialistas indicam que, sim, pode haver impacto nos preços internos – principalmente em setores onde a produção é fortemente voltada à exportação.
Como funciona a lógica?
Quando um país exporta grandes volumes de determinado produto (como carne bovina, soja, café ou minério de ferro), parte da produção é direcionada ao mercado externo. Se essa exportação é reduzida por causa de barreiras comerciais ou queda na demanda, o excedente pode ser redirecionado para o mercado interno.
Com mais oferta disponível dentro do país, a tendência, em teoria, é que os preços diminuam – seguindo a clássica lógica da oferta e demanda.

Impactos possíveis no Brasil
Produtos como carne, soja, açúcar e frutas tropicais são os mais impactados, já que os EUA representam um destino importante para essas exportações. Se as vendas para os norte-americanos diminuírem, parte dessa produção poderia ser absorvida pelo mercado nacional, o que pode ajudar a conter preços, especialmente em alimentos.“
O consumidor pode sentir algum alívio no bolso, especialmente em produtos que o Brasil exporta em grande escala. Mas isso depende de vários fatores, como logística, contratos existentes e capacidade de armazenamento”, explica Mariana Albuquerque, economista da FGV.
Mas há riscos também
Por outro lado, a queda nas exportações também pode trazer efeitos negativos, como redução da renda dos produtores, prejuízo para setores do agronegócio e desaquecimento da economia em regiões dependentes dessas atividades. Isso pode gerar demissões, queda na arrecadação e, paradoxalmente, aumento da inflação em outras áreas.“
Se a exportação diminui de forma brusca, o impacto pode ser ruim para o produtor, e os preços ao consumidor não necessariamente caem tanto, porque há custos fixos na cadeia de produção e transporte”, destaca o analista de mercado José Mário Ribeiro.
Governo monitora cenário
O Ministério da Agricultura e o Itamaraty acompanham com atenção os desdobramentos da guerra comercial. O governo Lula tem buscado ampliar acordos com a China, países árabes e o Mercosul para compensar possíveis perdas com o mercado norte-americano.
Conclusão
Se o Brasil realmente reduzir suas exportações para os EUA, alguns produtos podem ficar mais baratos no mercado interno, mas esse efeito não é automático nem garantido. Depende de muitos fatores econômicos e políticos.
O desafio do governo será equilibrar os interesses dos produtores, evitar prejuízos econômicos e, ao mesmo tempo, aproveitar eventuais oportunidades para beneficiar o consumidor brasileiro.