Assista o Vídeo onde o Deputado Daniel Almeida responde a pergunta do diretor Orlando sobre a aposentadoria Especial para o Rodoviário e logo após leia a matéria sobre o assunto
Por Redação | UP Notícias
A luta pela aposentadoria especial dos rodoviários continua enfrentando obstáculos significativos no Congresso Nacional. Embora o projeto represente uma demanda histórica de uma das categorias mais expostas ao desgaste físico e mental no transporte público, a proposta encontra forte resistência na atual configuração da Câmara dos Deputados.
O que prevê o projeto?
A proposta de aposentadoria especial dos rodoviários busca garantir a possibilidade de aposentadoria com menos tempo de contribuição, considerando a insalubridade, estresse contínuo, exposição a ruídos e longas jornadas. Em muitos casos, os motoristas e cobradores estão expostos a ruídos acima do limite permitido por lei e passam mais de 10 horas diárias enfrentando o trânsito urbano.
Por essas razões, sindicatos e movimentos de trabalhadores pressionam o Congresso há anos para incluir os rodoviários entre as categorias que têm direito à aposentadoria especial, como vigilantes, mineiros e trabalhadores da área da saúde.
Por que a proposta está travada?
O principal entrave não é técnico, mas político e ideológico. A atual composição da Câmara dos Deputados é majoritariamente conservadora e liberal, o que dificulta a aprovação de projetos que ampliem direitos trabalhistas.
Segundo levantamento da UP Notícias, os principais desafios incluem:
- Câmara conservadora e pró-mercado
A maioria dos deputados eleitos em 2022 pertence a partidos como PL, União Brasil, PP e Republicanos — siglas que defendem a contenção de gastos públicos e maior flexibilidade nas relações de trabalho. Para esses grupos, criar uma aposentadoria especial para rodoviários significaria oneração do sistema previdenciário e poderia gerar efeito cascata em outras categorias.
- Influência da Reforma da Previdência
A Reforma da Previdência de 2019, aprovada durante o governo Bolsonaro, tornou mais rígidas as regras para aposentadorias especiais. Desde então, qualquer tentativa de reverter ou suavizar essas medidas é recebida com resistência, sob o argumento de que representaria um “retrocesso fiscal”.
- Minoria da esquerda no Congresso
Partidos que tradicionalmente defendem os trabalhadores — como PT, PSOL, PCdoB e PDT — somam menos de 150 cadeiras, insuficientes para aprovar qualquer projeto de impacto sem o apoio do chamado “centrão”. E essa aliança exige negociação, concessões e, muitas vezes, descaracteriza o projeto original.
- Poder do presidente da Câmara
O atual presidente da Casa, Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba, tem a prerrogativa de decidir o que entra ou não na pauta de votações. Com perfil conservador, ele tem priorizado projetos de cunho econômico e resistido a avanços nas pautas sociais pois tem apoio do setor privado.
Pressão das ruas e mobilização sindical
Apesar das dificuldades, os sindicatos da categoria continuam se mobilizando. Em cidades como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, rodoviários têm realizado atos públicos, paralisações e pressão direta sobre deputados federais para que o tema avance.