
Brasília – Julho de 2025
A proposta do governo Lula de taxar os super-ricos para aumentar a arrecadação e tornar o sistema tributário brasileiro mais justo enfrenta forte resistência de parte do Congresso Nacional.
.cUm grupo expressivo de deputados federais, principalmente ligados a partidos de direita e centro-direita, tem se posicionado contra a iniciativa, argumentando que a medida poderia desestimular investimentos, gerar fuga de capitais e prejudicar o crescimento econômico.
A proposta do governo busca implementar um imposto sobre grandes fortunas, além de reforçar a taxação sobre lucros e dividendos de pessoas com alta renda, holdings familiares e fundos exclusivos – instrumentos geralmente usados por bilionários para reduzir a carga tributária.
Parlamentares contrários
Entre os principais opositores estão deputados do PL, União Brasil, Novo e parte do MDB. O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), um dos líderes da oposição, declarou que “a taxação dos super-ricos é uma pauta populista que afugenta investidores e coloca em risco a estabilidade econômica do país”.
Já Marcel van Hattem (Novo-RS), defensor de uma reforma tributária com menos impostos e maior eficiência, afirma que “o problema não é a falta de arrecadação, mas o excesso de gastos e privilégios no setor público”.
Outros parlamentares, como Adriana Ventura (Novo-SP) e Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), também têm se manifestado contra a medida, sob o argumento de que ela penaliza a meritocracia e não resolve as desigualdades de forma estrutural.
Governo e especialistas rebatem
Economistas e juristas, no entanto, contestam essas afirmações. De acordo com estudo do IPEA, o Brasil é um dos países com menor taxação sobre grandes fortunas entre as maiores economias do mundo. Além disso, cerca de 1% da população detém quase 50% de toda a riqueza nacional.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem defendendo a proposta como parte de um “pacto por justiça fiscal”. Segundo ele, “não se trata de punir ninguém, mas de equilibrar o sistema. O pobre paga proporcionalmente mais imposto que o rico no Brasil, e isso precisa mudar”.
Proposta empacada
Apesar da pressão do Executivo e de movimentos sociais, o projeto de lei que trata da taxação das grandes fortunas ainda não avançou nas comissões da Câmara dos Deputados. A resistência de parlamentares ligados ao setor financeiro e grandes empresários tem travado a votação.
Líderes da base governista, como Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Reginaldo Lopes (PT-MG), continuam articulando para formar maioria e tentar destravar o projeto no segundo semestre de 2025.
Enquanto isso, nas ruas e redes sociais, cresce o debate sobre justiça tributária, com movimentos populares e entidades como a Oxfam e o Instituto Justiça Fiscal defendendo a taxação dos super-ricos como medida essencial para reduzir as desigualdades no país.