Um estudo conduzido pela Fiocruz, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e solicitado pela Vital Strategies e ACT Promoção da Saúde, revelou que uma redução de 20% no consumo de bebidas alcoólicas no Brasil seria suficiente para salvar aproximadamente 10.400 vidas por ano — o equivalente a uma vida por hora.
Atualmente, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Global Burden of Disease (GBD), o álcool é responsável por cerca de 102 mil mortes anuais no país, número que coloca a substância entre as principais causas de mortalidade evitável. O impacto não se limita à saúde: em 2019, os custos sociais e econômicos do consumo de álcool chegaram a R$ 18,8 bilhões, somando despesas hospitalares e perdas de produtividade.

De acordo com o estudo, uma queda de 20% no consumo poderia gerar uma economia de R$ 2,1 bilhões por ano em produtividade, valor equivalente a mais da metade do orçamento do programa Farmácia Popular em 2024. Mesmo uma redução mais modesta, de 10%, já representaria quase 5 mil vidas poupadas e cerca de R$ 1 bilhão em ganhos econômicos.
“O padrão de consumo de álcool no Brasil é preocupante, pois concentra-se em episódios de excesso, aumentando drasticamente o risco de doenças e mortes prematuras”, explica o pesquisador Eduardo Nilson, da Fiocruz. Ele ressalta que não existe nível seguro de ingestão da substância: “qualquer redução já traz benefícios imediatos”.
Entre as principais doenças associadas ao consumo abusivo estão cirrose hepática, câncer, doenças cardiovasculares, além de ser um dos fatores de risco mais relevantes para acidentes de trânsito, violência doméstica e homicídios.
A pesquisa segue a recomendação da OMS, que estabeleceu como meta para a década de 2022–2030 uma redução global de 20% no consumo de álcool. Para alcançar esse objetivo, especialistas defendem medidas como aumento da tributação, restrições à publicidade e redução da disponibilidade de bebidas alcoólicas.
Segundo a diretora da ACT Promoção da Saúde, Paula Johns, os resultados reforçam a urgência de políticas públicas efetivas: “A redução do consumo de álcool é uma estratégia de saúde pública que salva vidas, diminui custos e beneficia toda a sociedade”.