Em depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o general da reserva do Exército Mário Fernandes admitiu ser o autor de um plano que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. O conteúdo explosivo, revelado durante a Operação Tempus Veritatis, reacende o alerta sobre articulações golpistas no alto escalão militar.
O documento, batizado pela Polícia Federal como “Punhal Verde e Amarelo”, detalhava ações violentas para impedir a posse do presidente eleito em 2022, incluindo atentados contra autoridades, sequestros e até a ocupação de prédios públicos com apoio de forças armadas paralelas.

Durante o depoimento, o general alegou que o texto seria apenas uma “análise de risco pessoal” e afirmou que o documento nunca foi compartilhado com terceiros. “Foi apenas um pensamento digitalizado. Não houve nenhuma execução ou planejamento operacional”, disse à relatoria do caso.
Contudo, as investigações da PF apontam o contrário: o plano fazia parte de uma estrutura organizada por militares e civis que se articulavam para derrubar o governo democraticamente eleito e instaurar um regime autoritário. A ofensiva previa ataques coordenados com armamento pesado e a eliminação física de figuras centrais da República.
A origem do plano
O texto foi encontrado em novembro de 2024, durante buscas na residência do general, como parte da Operação Contragolpe, desdobramento da Tempus Veritatis. O documento, salvo originalmente como Fox_2017.docx, detalhava datas estratégicas, alvos e justificativas ideológicas para a tomada do poder à força.
Fernandes está preso desde o final de 2024 e responde por organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, ameaça à ordem democrática e outros crimes previstos na Lei de Segurança Nacional.
O que diz a Justiça
O ministro Alexandre de Moraes, um dos alvos do plano, é também o relator da ação. Segundo ele, o conteúdo do documento revela “um projeto criminoso de alto risco à democracia, com envolvimento direto de militares da ativa e da reserva”.
O STF deve decidir nas próximas semanas se Fernandes será mantido em prisão preventiva até o julgamento final.
O que está por trás
Especialistas apontam que o caso expõe a necessidade urgente de fiscalização sobre setores das Forças Armadas e das polícias que, insatisfeitos com o resultado eleitoral de 2022, estariam sendo usados como instrumentos de instabilidade institucional.
“É o momento de cortar o mal pela raiz. Não se trata de crítica política, mas de defesa da democracia”, disse o jurista Alberto Fonseca, da Universidade de Brasília (UnB).
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