O ministro do STF Alexandre de Moraes decretou hoje a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por descumprir medidas cautelares.
O que aconteceu
Moraes citou postagens nas redes e participação dele por vídeo no ato do último domingo. Para o ministro, a divulgação de imagens do ex-presidente com tornozeleira eletrônica e a aparição pelo celular em manifestações afrontaram a decisão do STF.
O ministro afirma que o ex-presidente usou subterfúgios para desrespeitar as ordens que haviam sido impostas, como a de não usar redes sociais. “Agindo ilicitamente, o réu se dirigiu aos manifestantes reunidos em Copacabana, no Rio de Janeiro, produzindo dolosa e conscientemente material pré-fabricado para seus partidários continuarem a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal”.

Ministro fala em “modus operandi criminoso” com utilização de “milícias digitais”. Ele ressalta que apoiadores de Bolsonaro e seus filhos, deliberadamente, utilizaram as falas e a participação do réu, ainda que por telefone e pelas redes sociais, para a propagação de ataques e impulsionamento dos manifestantes com a nítida intenção de pressionar e coagir o STF.
PF apreendeu celular na casa de Bolsonaro após determinação de Moraes. O ministro citou a utilização do aparelho para fins ilícitos e para o descumprimento das medidas cautelares. Este foi o segundo celular de Bolsonaro apreendido —outro aparelho foi confiscado pela Polícia Federal durante uma operação em julho.
Os agentes da PF não entraram na residência do ex-presidente e Bolsonaro entregou um aparelho novo em frente à garagem. Quando o presidente foi abordado, o telefone foi solicitado e entregue imediatamente.
Também foram impostas novas restrições. O ex-presidente está proibido de receber visitas, salvo a de seus advogados ou de pessoas previamente autorizadas pelo STF, e de usar celulares, seja diretamente ou por terceiros. “O descumprimento das regras da prisão domiciliar ou de qualquer uma das medidas cautelares implicará na sua revogação e na decretação imediata da prisão preventiva”, diz a decisão.
Decisão citou reportagem do UOL sobre recuo de Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Ontem, após o protesto, a colunista do UOL Carla Araújo mostrou que o filho do ex-presidente apagou postagem no Instagram com a presença do pai, alegando “insegurança jurídica” após as medidas cautelares.
Moraes diz que não proibiu Bolsonaro de dar entrevistas. No documento, o ministro afirma que não proibiu o ex-presidente de falar com a imprensa e ressalta que as entrevistas não poderiam servir para burlar a restrição com as redes sociais. “Em momento algum Jair Bolsonaro foi proibido de conceder entrevistas ou proferir discursos em eventos públicos ou privados, respeitados os horários estabelecidos nas medidas restritivas”.