Saiba como a crise criada por tarifas de Trump elevou o dólar, e o mercado criptoO endurecimento das relações comerciais entre Estados Unidos e Brasil, após a decisão do presidente Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, está trazendo efeitos significativos sobre os mercados globais — e paradoxalmente, gerando benefícios econômicos para os próprios EUA.
Desde o anúncio das tarifas em 9 de julho, o dólar disparou, alcançando R$ 5,56 no Brasil nesta segunda-feira (14/07), enquanto o bitcoin e outras criptomoedas avançaram para recordes históricos, fortalecendo setores estratégicos da economia norte-americana.

Dólar forte beneficia economia americana
Segundo dados compilados pela Bloomberg Línea e pelo Valor Econômico até esta segunda-feira (14/07), o dólar valorizou-se globalmente nas últimas sessões. O aumento da aversão ao risco fez investidores estrangeiros migrarem para ativos considerados mais seguros, como a moeda norte-americana.
Para os EUA, um dólar mais forte tem efeitos contraditórios — pode prejudicar exportações, mas reduz custos de importação e atrai fluxos de capital para o mercado financeiro americano. O Tesouro americano registrou, entre 10 e 12 de julho, uma entrada líquida superior a US$ 15 bilhões em títulos públicos, atraídos pela percepção de segurança na economia norte-americana em meio à crise comercial.
Bitcoin em alta reforça ganhos para empresas americanas
Não apenas o dólar, mas também o mercado cripto foi impulsionado pelo clima de incerteza. O bitcoin subiu cerca de +1,9% apenas no domingo (13/07), atingindo nesta segunda-feira patamares próximos a US$ 121.521, segundo CoinGecko e Bloomberg Crypto.
Este movimento beneficia diretamente:
Empresas de tecnologia e cripto nos EUA, como Coinbase, MicroStrategy e mineradoras de bitcoin listadas em bolsa.
Investidores institucionais americanos, que aumentaram participação em criptoativos justamente como “hedge” contra crises cambiais ou comerciais.
Segundo a empresa de análise Glassnode (13/07):
> “Crises comerciais, como a que se intensifica entre EUA e Brasil, historicamente provocam picos de demanda por ativos alternativos. O bitcoin se consolida como reserva de valor digital.”
Trump mira benefícios políticos e econômicos
Especialistas apontam que, além da retórica protecionista para agradar sua base eleitoral, Trump vem colhendo ganhos indiretos:
Dólar forte aumenta o poder de compra dos EUA sobre insumos globais, incluindo energia, semicondutores e alimentos.
Mercado cripto em alta fortalece empresas americanas do setor, atraindo capital estrangeiro.
A taxação eleva a pressão sobre parceiros comerciais, consolidando a imagem de Trump como defensor da indústria nacional.
Em entrevista ao Wall Street Journal no domingo (13/07), o secretário do Tesouro dos EUA declarou:
> “As tarifas não são apenas ferramenta de proteção. São também instrumento geopolítico. Os EUA hoje colhem fluxos financeiros globais que garantem liquidez ao nosso mercado.”
Impacto no Brasil
Enquanto isso, o Brasil amarga as consequências:
Projeção de queda de até US$ 3,2 bilhões em exportações.
Alta do dólar para R$ 5,56 pressiona inflação, insumos e preço de produtos importados.
Setores como aço, agro e manufaturas já sinalizam cortes de produção caso as tarifas permaneçam.
A moeda americana, que estava em R$ 4,86 antes do anúncio de Trump, subiu quase 15% em poucos dias.
A crise criada pelas tarifas de Trump intensificou tensões diplomáticas, mas também acabou trazendo benefícios econômicos aos Estados Unidos, via valorização do dólar e fortalecimento do mercado cripto. Ao mesmo tempo, aumentou a instabilidade em parceiros como o Brasil, deixando evidente o poder que decisões políticas americanas ainda exercem sobre a economia global.
Fontes: Bloomberg (14/07/2025), Valor Econômico (14/07/2025), CoinGecko (14/07/2025), Glassnode (13/07/2025), Wall Street Journal (13/07/2025), Banco Central do Brasil (14/07/2025)